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Nokia

Possivelmente não irão assumir que uma empresa como a Nokia iniciou as suas actividades como uma empresa de… fabrico de papel.
Estamos a falar ainda no século XIX, altura em que a Nokia não era Nokia mas antes uma pequena organização fundada por Fredik Idestam, no sudoeste da Finlândia em 1865. Foi apenas aquando do estabelecimento da segunda fábrica de papel perto do rio Nokianvirta, que surgiu o nome “Nokia Ab”, registado em 1871.
Entretanto, Eduard Polón fundou a Finnish Rubber Works em 1898 e Arvid Wickström a Finnish Cable Works em 1912, sendo que em 1918 a Finnish Rubber Works adquiriu a Nokia de forma a garantir o acesso aos seus recursos hídricos. Em 1922, a Finnish Cable Works também foi adquirirda pela Finnish Rubber Works, juntando assim as três empresas numa só.
Pneus fabricados pela Nokia

Em 1979, a Nokia pretendeu expandir o seu portefólio de produtos e começar a apalpar outros mercados. Como consequência, acabou por se juntar à fabricante de televisores Salora para criar a Mobira Oy, uma empresa de telefones e rádio. Após alguns anos, a empresa lançou a primeira rede de telecomunicações que ligava quatro países: Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia. Posteriormente foi também lançado o primeiro telefone orientado para veículos, o Mobira Senator que pesava cerca de 10 Kg.
Em 1984 a Nokia adquire a Salora, numa operação que mudou o nome da empresa para “Nokia-Mobira Oy”. No mesmo ano foi lançado o Mobira Talkman, que foi publicitado e apresentado ao público como um telefone que podia ser usado dentro e fora do veículo. Pesava cerca de 5 Kg.
Mobira Talkman

Após um período conturbado que envolveu uma queda nos lucros da empresa, juntamente com o suicídio de Kari Kairamo, chairman da empresa na altura, a Nokia decidiu dividir a empresa em seis divisões diferentes: telecomunicações, eletrónica, cabos e maquinaria, data, telemóveis e indústrias base. Em 1989, a Nokia-Mobira Oy tornou-se na Nokia Mobile Phones.
Um ano depois da mudança de nome, a Nokia decidiu aplicar a sua atenção apenas no mercado das telecomunicações e, como resultado, todas as restantes divisões anteriormente criadas foram vendidas no início da década de 90.
O início da aventura da Nokia nas telecomunicações começou com o Nokia 1011, o primeiro telemóvel GSM fabricado para ser propositadamente manuseado. O dispositivo tinha capacidade para guardar 99 contactos e tinha uma autonomia de 90 minutos em tempo de conversação.
Alguns anos depois, a Nokia lançou a série 2100, que também inaugurou o famoso ringtone da Nokia. Revelou-se como um enorme sucesso, tendo superado as previsões de venda que inicialmente eram de 400.000 dispositivos para mais de 20 milhões de equipamentos vendidos.
Passamos para 1996, ano em que a Nokia lançou um protótipo daquilo que é hoje conhecido como um smartphone, o Nokia 9000 Communicator, que permitia o envio e recepção de emails, acesso à internet e ainda envio de faxes. Contudo o telemóvel não foi objecto de muitas vendas, muito devido ao avultado valor a que era comercializado.
Nokia 9000 Communicator

Ano após ano, a Nokia via os seus lucros subirem em 50%, o que se traduziu num aumento em 220% do valor das suas acções em bolsa, resultando numa capitalização de mercado no valor de cerca de 70 mil milhões de dólares.
Começa o século XXI e a Nokia é dona e rainha do mercado, com vários dispositivos que marcaram uma nova era de inovação a serem lançados no mercado (quase) ano após ano. Em 2001 foi lançado o icónico Nokia 7650, considerado por muitos como o primeiro telemóvel com câmara a ser produzido massivamente, orientado para o mercado das massas. O Nokia 7650 foi também o primeiro telemóvel a apresentar um ecrã totalmente a cores, tendo sinalizado um novo standard na esfera das telecomunicações.
Apenas um ano depois, a Nokia lança o Nokia 6650, o primeiro telemóvel com ligação 3G, assim como o Nokia 3650 lançado no mesmo ano, que simbolizou o primeiro dispositivo a fazer parte da série Symbian 60 e com capacidade de gravação de vídeo.
Mas o melhor ainda estava para vir. Em 2003 a Nokia decidiu lançar um equipamento de baixa gama, com apenas o que era essencial: o famoso Nokia 1100, que é considerado até hoje como o telemóvel que mais vendeu de sempre, cifrado num impressionante número de 250 milhões de unidades vendidas.
Nokia 1100

O final da primeira década dos anos 00’s marcou também o lançamento de outros equipamentos que vieram aumentar a concorrência no mercado.
A época do touch screen estava à porta, e múltiplas empresas não quiseram perder o “fio à meada”, tendo lançado diversos dispositivos com o propósito de retirar a sua fatia de um bolo que se estava a tornar cada vez maior. Foi o caso da Apple com iPhone em 2007, ou a HTC com o primeiro smartphone com sistema operativo Android, equipamentos que vieram assinalar uma nova era na esfera mobile. A Nokia por sua vez apenas lançou o seu primeiro dispositivo touch em 2008, chamado de Nokia 5800 Xpress Music, que obteve considerável sucesso, mesmo tendo em conta a presença de outros dispositivos mais atractivos no mercado.
Foi a partir de 2009 que a Nokia começou realmente e evidenciar sérios problemas. Para além de ter revelado uma queda brutal nos seus lucros, viu-se obrigada a cortar com 1.700 empregos por todo o mundo. No final desse mesmo ano, a própria empresa admitiu que entrou lentamente de mais na nova era, tendo-se deixado superar por marcas como a Apple, BlackBerry ou HTC, assim como por outras empresas que na altura já influenciavam bastante o mercado como a LG, a Samsung ou a Sony Ericsson.
Um ano depois, a Nokia teve o seu primeiro CEO não finlandês, Stephen Elop, ex-director da divisão de software de negócios da Microsoft. Apesar da empresa ter conseguido aumentar os seus lucros no final de 2010, os cortes no emprego continuaram.
Em 2011, é anunciada uma parceria entre e Nokia e a Microsoft, o que ao olhos de muitos simbolizou uma medida desesperada da empresa finlandesa em conseguir acompanhar a evolução do mercado. Contudo, a Nokia conseguiu obter alguns frutos da parceira inicialmente, particularmente no que respeito às vendas dos equipamentos Nokia Lumia 800 e 710, anunciados no final de 2011.
Apesar de conseguir ter vendido mais de um milhão de unidades dos novos Lumia, a empresa continuou a mobilizar esforços para poupar custos, que se traduziram no corte de mais empregos e no encerramento da sua mais antiga fábrica na Finlândia, anunciando que a sua principal sede de operações iria ser mobilizada para a Ásia, continente onde detinha maior mercado.
O ano de 2012 foi o reflexo da contínua queda da Nokia que, apesar de ter demonstrado vendas substanciais, no final do primeiro trimestre fiscal apresentou perdas na ordem dos 1.3 mil milhões de dólares e, como consequência, mais 10.000 empregos foram cortados. No final de 2012 foi anunciado o Lumia 920, um smartphone com Windows 8 que depositou uma réstia de esperança no sucesso da empresa mas que, no entanto, não chegou para conseguir fazer com que a Nokia obtivesse os lucros que precisava.
Nokia Lumia 920

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