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Opinião sobre o Huawei P10 Plus (6 GB/128 GB)

O Huawei P10 Plus é uma das melhores propostas da Huawei, mas não é a nossa favorita.

 

Quando a Huawei anunciou a sua parceria com a Leica, em Fevereiro de 2016, prometeu uma união de esforços que reinventaria a fotografia nos smartphones. O primeiro resultado do esforço chegou em Abril do mesmo ano com a dupla Huawei P9 e P9 Plus.

Na época a qualidade fotográfica de ambos foi amplamente elogiada pela imprensa especializada, ainda que com algumas limitações: em condições de baixa luminosidade, por exemplo, o desempenho da câmara baixava consideravelmente. Mas a parceria estava a dar frutos; tinha apenas de amadurecer.

Um ano depois, com a dupla Huawei P10/P10 Plus, parte do problema parece ter sido resolvido. Os novos telemóveis trouxeram melhorias ao nível do software e câmaras ainda melhores, entre outras novidades:

 

  • €799,90
  • Ecrã de 5,5 polegadas (quad-HD)
  • 165 gramas
  • Emotion UI 5.1
  • Android 7.0
  • HiSilicon Kirin 960
  • 4 ou 6 GB de RAM
  • 64 ou 128 GB de armazenamento
  • Câmara dupla: 20 MP + 12 MP (f/1.8)
  • Câmara frontal 8 MP (f/1.9)
  • Bateria com 3750 mAh

 

1. Design

 

Huawei P10 Plus Opinião

 

O design não é apenas familiar; é coladíssimo à estética do iPhone 7. Não conhecendo os argumentos da Huawei para justificar esta escolha, o facto é que todos aqueles que se cruzam com o P10 Plus pela primeira vez concordam com esta comparação.

Semelhanças estéticas à parte, o P10 Plus marca pontos noutros campeoonatos além do estético; segurá-lo na mão é confortável, ainda que a sua fina espessura (7 mm) e leveza (165g) obriguem a conviver com a ideia de que pode escorregar, cair e partir-se a qualquer momento.

Opções estéticas à parte, a funcionalidade é uma característica essencial a ter em qualquer peça de design. Sob esta perspectiva, a opção da Huawei transferir o sensor de impressão digital das costas para a frente não parece ter sido devidamente considerada.

 

Enquanto que um sensor nas costas do telefone permite utilizá-lo unicamente com uma mão, passá-lo para a parte da frente obriga a repensar a sua utilização.

E por falar no sensor de impressão digital, a qualidade deste é muito boa – além de extremamente rápido a reconhecer impressões digitais, a Huawei embutiu-lhe funcionalidades adicionais que incluem o reconhecimento de gestos como alternativa aos botões de navegação do Android.

Interessante? Sim. Necessário? Provavelmente não.

O corpo do Huawei P10 Plus, à semelhança do P10, é à base de metal. Todos os botões físicos estão localizados na parte direito do telefone.

 

2. Ecrã

 

O ecrã do P10 Plus é muito bom.

Estamos a falar de um LCD IPS NEO com resolução quad HD (2560 x 1440 píxeis), distribuída por 5,5 polegadas. Sendo um IPS LCD, logo um ecrã à base de retro-iluminação, não oferece o mesmo nível de profundidade ou saturação de um AMOLED, além de consumir mais energia; mas oferece mais legibilidade quando exposto a luz solar mais intensa.

É recomendável, contudo, limpar frequentemente o ecrã do telefone.

A ausência de qualquer forma de protecção oleofóbica significa que, lado a lado com um Samsung Galaxy S8, o Huawei P10 Plus vai dar sempre mais trabalho e maiores cuidados com a imagem. De certa forma a Huawei parece ter querido compensar isto com uma película protectora, mas é muito fácil perdê-la na utilização do dia a dia.

 

3. Desempenho

 

A Huawei decidiu manter o HiSilicon Kirin 960, que também equipa o Mate 9. Se a isto juntarmos os 6 GB de RAM do P10 Plus (ou 4 GB, consoante a versão), é seguro dizer que o desempenho não é um problema neste telefone.

O Kirin 960 está dividido da seguinte forma:

 

  • Quatro núcleos A73 de alto desempenho, cada um de 2.4 Ghz
  • Quatro núcleos A53 de 1.9 GHz, para uma gestão mais inteligente da energia do smartphone.

 

O AnTuTu Benchmark coloca o P10 Plus na 19ª posição de um Top 20 liderado pelo iPhone 7 Plus (181421). O P10 surge, ainda assim, à frente do iPhone 6S Plus (20º). A título de curiosidade, o Huawei Mate 9 surge em 21º.

O P10 Plus, com um valor atribuído de 143219, está longe de oferecer um mau desempenho; no entanto os dados confirmam que a falta de actualização ao processador levou o P10 Plus a ficar para trás face a outros concorrentes, a maioria dos quais de outras fabricantes chinesas.

Note-se que, quando comparado ao iPhone 7 Plus, o processador do Huawei P10 consegue ser superior em multi-tasking e processamento de imagem.

Mas se o desempenho do Huawei P10 Plus é muito bom para aplicações e tarefas exigentes, a nível gráfico não é tão bom. Se tanto, a Mali G71 que equipa o P10 Plus mostra ser uma GPU perfeitamente capaz, mas comparativamente a outros modelos topo-de-gama, os jogos correm mais lentamente e de forma menos suave.

 

Não é de todo admirável que o desempenho do P10 Plus seja fantástico. Apoiado por 6 GB de RAM (este valor pode variar consoante o espaço de armazenamento do telefone), esta inclusão garante que o P10 Plus esteja apto para lidar com as tarefas mais exigentes sem gaguejar.

Definitivamente tem mais RAM do que o necessário, o que da perspectiva de quem compra, significa que o Huawei P10 Plus pode permanecer relevante e a correr aplicações recentes pelos próximos 2-3 anos (isto se entretanto as apps não exigirem tantos, ou mais, recursos).

Mas não foi só no RAM que a Huawei decidiu ser generosa. A empresa também se esmerou no armazenamento, optando por dar ao P10 Plus 128 GB de armazenamento.

Na variante com  64 GB de armazenamento a quantidade de memória RAM desce para 4 GB. E se os 128 GB não forem suficientes, o P10 Plus também suporta cartões microSD até 256 GB, garantindo assim uma invejável quantidade de armazenamento físico ao telefone.

 

3. Software

 

Huawei P10 Plus Opinião

 

Se há uma característica do P10 Plus a recolher opiniões unânimes, é o software da Huawei. O EMUI nunca foi a interface mais popular do mercado, mas no P10 Plus traz mais funcionalidades, corrige alguns bugs antigos e melhora os menus de notificações.

Apesar das melhorias consideráveis à interface, a Huawei ainda tem de aprimorar o seu software se quiser, pelo menos, estar à altura do stock Android que corre no Google Pixel.

A introdução de funcionalidades de navegação por gestos poderá dividir algumas opiniões; eu, pessoalmente, aprecio o esforço, e até experimentei usar os gestos temporariamente, mas acabei por regressar à zona de conforto proporcionada pelos botões de navegação do Android.

 

A curva de aprendizagem necessária para dominar estes gestos não é grande, mas ter de repensar o modo como uso o Android, especialmente quando só existem três botões funcionais no sistema operativo da Google, simplesmente não me cativou.

Quanto à adição dos gestos, ainda que bem-vinda, peca pela falta de uma componente mais visual que sirva de indicador ao utilizador. Além disso, nem sempre os gestos que fazemos são bem-sucedidos, obrigando-nos a repeti-los até obtermos o resultado desejado.

Isto torna a adopção de gestos sobre o sensor de impressão digital mais trabalhosa, custosa e – em última análise – difícil de aceitar.

O Huawei P10 Plus corre Android 7.0 Nougar, personalizado para a EMUI 5.1, a interface da empresa chinesa. A navegação é muito fluida (6 GB de RAM ajudam), mas a cereja no topo do bolo está no trabalho envolvido para preservar esta fluidez depois de vários meses de utilização através de técnicas de desfragmentação, compressão e reciclagem de RAM.

 

4. Câmara

 

A câmara digital é um dos grandes destaques do P10 Plus, tal como já era no P10. Só que, enquanto que no P10 mais pequeno a câmara desapontou algumas expectativas, sobretudo pelo seu desempenho em condições de baixa luminosidade, no P10 Plus a história promete ser diferente; com lentes melhores, e desempenho melhor, os resultados só podiam ser melhores. E são.

Quem conhece bem o P10 vai achar o P10 Plus algo familiar: cãmara dupla (20 MP monocromáticos + 12 MP RGB), estabilização óptica e lentes com maior abertura (f/1.7), o que resulta na passagem de mais luz e de fotografias nocturnas com muito mais qualidade.

As fotografias nocturnas do P10 Plus são muito boas, o que é raro de se ver num telemóvel. A presença de ruído nas imagens captadas pelo P10 Plus é pouco notável, além de que as imagens conseguem preservar uma quantidade considerável de detalhes.

Algumas opiniões crêem inclusive que se trata de uma câmara capaz de competir com o iPhone 7 ou o Google Pixel.

 

Em condições de baixa luminosidade, o P10 Plus tem oportunidade para verdadeiramente se destacar da concorrência. Mesmo em condições de forte luminosidade, a maior abertura (face ao P10) resulta em imagens com contrastes mais naturais.

Por pré-definição, o modo HDR não é automático. Deixá-lo activo pode, inclusive, ser má ideia; certas imagens podem sair prejudicadas e até com efeitos indesejados. Para contornar o ruído das imagens, existe um modo nocturno; no entanto este modo parece encontrar-se mais para descarga de consciência da Huawei do que por necessidade, já que os sensores e lentes parecem funcionar bem sem complementos adicionais.

Os mais exigentes têm ainda um modo PRO que permite balancear os níveis de branco nas fotos, alterar o ISO, foco e velocidade do obturador, além de permitir gravar imagens em RAW.. Tirar fotos a preto & branco é particularmente interessante, já que o sensor de 20 MP é dedicado quase exclusivamente a esta função; os resultados são bem mais interessantes do que simplesmente converter uma fotografia a cores para preto & branco.

 

Outra vantagem em ter duas câmaras com resoluções diferentes está em permitir ao P10 Plus tirar maior partido dos zooms, que aqui são mais suaves. A perda de qualidade, contudo, é notória a partir dos 2x.

Mas é fácil esquecermos que a parte frontal do P10 Plus também tem uma câmara digital. Com 8 MP (f/1.9), e em constante ‘modo selfie’, é capaz de reconhecer várias faces numa única imagem.

As gravações de vídeo suportam 4K a 30 quadros por segundo, mas eu optaria antes pelos 1080p a 60 quadros por segundo para manter um registo mais suave.

 

5.Bateria

 

Com uma bateria de 3750 mAh não amovível, a bateria do P10 Plus consegue ser maior que a do Google Pixel XL. Não é a maior bateria do mercado, mas tendo em conta as suas medidas, não deixa de ser impressionante.

Como todos os telemóveis, a fase da Lua de Mel é encantadora por todos os motivos possíveis; ainda não há aplicações instaladas, o uso de dados ainda é contido, e isso traduz-se numa autonomia invejável. Parado, o P10 Plus consegue durar perto de uma semana até requerer nova carga (sem Wi-Fi ligado).

Mas a situação tende a mudar à medida que a sua utilização também muda; no entanto, o P10 Plus tem autonomia para aguentar um dia inteiro de utilização intensiva, e suportar ainda mais um dia em utilização contida (nestas 48 horas é capaz de atingir os 20% de bateria).

 

Sendo USB Tipo-C, os carregamentos (e transferência de dados) são mais rápidos. Ligado a uma tomada, o P10 Plus consegue ficar totalmente recarregado em aproximadamente uma hora. Esse período aumenta consideravelmente se a fonte de energia for um PC.

Ajuda correr sobre Android 7.0 Nougat, que trouxe ao sistema operativo da Google novas funcionalidades de poupança de energia. Por exemplo, quando o telemóvel está em stand by, o Android reduz o consumo de dados.

Destaco aqui três diferentes modos de carregamento: o primeiro, e mais rápido, leva aproximadamente uma hora para recarregar totalmente o smartphone, usando para isso o carregador que é vendido juntamente com o smartphone na embalagem; o segundo leva aproximadamente 1h30 para carregar totalmente o telemóvel, usando qualquer carregador rápido; o terceiro, e final, leva aproximadamente três horas até concluir um carregamento, ligado a um PC ou carregador mais antigo.

 

6. Conclusão

 

A câmara é muito versátil e, a par das melhorias do software, é talvez o maior destaque do Huawei P10 Plus. A autonomia ocupa um sólido segundo lugar na lista de destaques positivos do P10 Plus. Toda a experiência de navegação é fluida, responsiva e às vezes até frustrantemente rápida.

O espaço de armazenamento é quase infinito (se não for preenchido com gravações em 4K). Se lhe juntarmos suporte para expansão de memória via microSD (até 256 GB), é quase possível trazer toda a nossa tralha digital no bolso.

Mas claro, não se trata de um smartphone perfeito. O design é compacto (tem apenas 7mm de espessura), sólido e atraente, mas peca por recordar demasiado o iPhone 7s; as colunas, se tanto, são apenas razoáveis (para um telemóvel desta gama de preço); pelos €799,90 que o P10 Plus custa em Portugal, teria sido interessante ter direito a um ecrã oleofóbico (que não deixe marcas deselegantes de dedadas) ou a resistência a água e poeiras.

 

Se considerarmos que o Huawei P10 Plus concorre directamente contra um iPhone 7, Samsung Galaxy S8 ou LG G6, a preços equivalentes, estas características ficam em falta.

Isto faz ainda mais sentido se considerarmos que o aspecto do Huawei P10 Plus é demasiado comparável ao do seu principal concorrente, o iPhone 7, e quando notamos que o processador é uma reutilização de tecnologia do ano anterior.

Facto: o Huawei P10 Plus é um dos melhores telemóveis que a empresa chinesa já produziu; mas para uma fabricante com um histórico que inclui propostas como o belíssimo Huawei Mate 9, é necessário dizer que esta ficou um pouco aquém das expectativas.

Bom, mas não fantástico; interessante, mas não ‘wow’.