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BQ. “Queremos ajudar na educação tecnológica em Portugal”

A BQ admite trazer alguns dos seus projectos na área da Educação para Portugal já em 2016

 

*Entrevista a Sandra Castro Coelho, responsável  de marketing da BQ para Portugal
*Entrevista publicada também em iOnline – Tecnologia

 

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Reportagem. BQ Open Day em Madrid

 

Ninguém diria à primeira vista que a BQ fosse uma empresa tão jovem. Mas é, literal e figurativamente.

Literalmente porque foi em 2015 que a empresa espanhola celebrou o seu 5º aniversário; figurativamente porque é composta por equipas predominantemente jovens.

 

A BQ, tal como é conhecida hoje, foi fundada em 2010 pelos sócios Alberto Méndez, Rodrigo del Prado, Ravín Dhalani, Adán Muñoz, David Béjar e Iván Sánchez (que se conheceram enquanto estudantes de Engenharia de Telecomunicações) e Antonio Quirós. director da empresa Luarna, a primeira editora Espanhola 100% digital.

A empresa acabou por nascer « como consequência da vida académica », explica Sandra Castro Coelho, responsável de marketing da BQ para Portugal.

 

A sua primeira experiência empreendedora foi em 2003 com a fundação de StarTic, uma empresa baseada num modelo de importação e personalização de memórias USB da Ásia. Foi só numa fase posterior que começaram a desenvolver produtos de raiz.

Em 2009, quando se associam a António Quirós, nasce a booq. Desta parceria nasce o primeiro e-reader da marca.

 

« Os e-readers funcionaram muito bem no mercado espanhol, coisa que em Portugal não funcionou tão bem. Culturalmente não foi um produto que entrou tão bem como em Espanha, que conta com uma penetração muito grande no mercado », continua.

Foi devido ao êxito destes produtos em Espanha que lançaram o primeiro tablet, em 2010. Daqui passaram a denominar-se BQ.

 

Em 2013 sai o primeiro smartphone BQ e em 2014 ampliam o portfolio de produtos tal como o conhecemos hoje:

 

• Tablets
• Telemóveis
• Impressoras 3D
• Robótica educativa

 

Em 2015 anunciaram a entrada em projectos na área da Internet das Coisas com o desenvolvimento e lançamento do Halu, um foco de iluminação que programa diferentes ambientes de iluminação através de uma aplicação

Em Outubro a BQ também foi anfitriã de um Open Day, um evento tecnológico onde apresentou as suas novidades mais recentes. O BQ Open Day realizou-se no Teatro Goya, em Madrid. Também celebrou o 5º aniversário da empresa.

 

Sandra Castro Coelho explicou-nos como foi – e continuará a ser – o percurso da empresa até aqui.

 

BQ. "Queremos ajudar na educação tecnológica em Portugal"

 

O Open Day foi a primeira iniciativa do género realizada pela BQ. Qual foi a resposta obtida?

 

Efectivamente foi a primeira edição que desenvolvemos. Era o momento certo, já que celebrámos o nosso quinto aniversário, mas também devido à evolução que tivemos nos últimos anos, pela expansão internacional e porque tínhamos produtos novos para mostrar.

Pensámos que seria uma ótima forma de transmitir os principais valores da BQ – convidando as pessoas e as entidades que até agora têm estado ao nosso lado. Contámos com 500 convidados dos países estrategicamente mais importantes para a marca. Essencialmente: Portugal e Espanha, Itália; França e Alemanha, onde desde o final do ano passado temos escritórios abertos; Rússia, recentemente lançado e Suécia e Reino Unido, que em princípio serão os próximos mercados com equipas alocadas.

 

À parte dos 6 novos produtos que anunciámos nesta data, foi um dia onde organizámos conferências, mesas-redondas, conferências de imprensa, workshops de programação e robótica, onde os convidados puderam ver como abordamos o sistema educativo.

A BQ por dentro – no fundo foi isso que nós quisemos transmitir. O feedback tem sido bastante positivo.

 

Estão previstas mais edições futuras semelhantes à BQ Open Day?

 

Sempre que houver novidades. A BQ é uma empresa que tem sempre muito para contar. Acreditamos que irão existir outras edições, é uma possibilidade.

 

Em palco, Alberto Méndez [CEO da BQ] lançou um desafio para ver quem montava a Hephestos 2 mais depressa. Em que estado ficou essa iniciativa?

 

O desafio foi lançado e vamos fazê-lo. O projecto já está a ser trabalhado, mas a Hephestos 2 ainda não chegou ao mercado. Lançamos o Kit ainda este ano [em conversa telefónica, Sandra Castro Coelho sugeriu o início do mês de Dezembro como uma possibilidade].

É essencial que as pessoas também possam ter o kit de impressão 3D para participar no concurso. A partir do momento em que o kit esteja no mercado vamos lançar o desafio que esperamos seja a nível europeu.

 

BQ. "Queremos ajudar na educação tecnológica em Portugal"

Imagem: Telemoveis.com

 

Como é que a BQ passou de memórias USB e E-Readers para áreas como a dos smartphones, tablets ou impressoras 3D?

 

Houve uma evolução muito natural desde a booq. O enorme e inesperado êxito dos e-readers levou-nos a investir na comercialização de tablets. É verdade que o momento mais importante do desenvolvimento da BQ tal como hoje a conhecemos se dá em 2013, quando entrámos no segmento dos smartphones com a comercialização do Aquaris.

Com os conhecimentos adquiridos naqueles últimos anos, finalmente em 2014 foi possível realizar o grande objetivo de todos – conceber e desenvolver dispositivos de raiz. Foi lançado o Aquaris E5 que, em poucos meses, se tornou o telemóvel livre mais vendido em Espanha.

 

No fundo a evolução da marca tem sido essa. Começou com memórias USB, continuámos pelos e-readers e tablets, passámos rapidamente (por uma questão de evolução do próprio mercado) pelo ‘boom’ dos smartphones e, em 2014, assumimo-nos claramente como uma fabricante que desenvolve e cria os seus próprios dispositivos.

A evolução para a impressão 3D também veio naturalmente. O próprio mercado assim o dita. As regras vêm do mercado e nós adaptamo-nos. E agora já estamos noutras áreas: entrámos nos brinquedos inteligentes com o Zowi, que foi o último a ser lançado, mas também na Internet das Coisas com o Halu.

Estes segmentos são recentíssimos. São segmentos onde até agora não tínhamos entrado.

 

A BQ também tem projectos na área da Educação.

 

É uma área muito querida da empresa [a área da Educação]. É um dos pilares mais importantes da BQ. Está diretamente relacionada com o posicionamento e missão da marca. É real que as crianças hoje em dia são muito mais tecnológicas, portanto queremos aproveitar esta propensão que já têm – esta evolução tecnológica – e fazê-las evoluir para não só entenderem esta tecnologia, mas também para saberem criá-la no futuro.

 

Como se formam os futuros produtores de tecnologia?

 

Para nós na BQ existem três pilares na educação tecnológica: hardware, software e design. Devemos ensinar as crianças a entenderem a tecnologia e a saberem o que está por detrás. Dou o exemplo do Zowi, um produto já desenvolvido e final. O Zowi [brinquedo inteligente da BQ] é todo ele feito por peças tecnológicas. São placas de programação.

No fundo nós queremos que a criança desmonte o Zowi, veja como é que ele está desenvolvido, como foi programado para levantar a perna direita e evitar obstáculos com um determinado estímulo, por exemplo.

 

Queremos que entenda como é que foi feita essa programação, que desenvolva novos atributos para o brinquedo educativo. O Zowi está feito por processos: conforme vai avançando com determinadas etapas, vão-se reprogramando novos desafios imediatamente a seguir.

Para nós é absolutamente natural começar por uma programação, e sabemos obviamente que os robôs são algo de que as crianças gostam. Achámos que era a materialização perfeita da programação e de todo este ecossistema educativo onde nós queremos estar.

 

BQ. "Queremos ajudar na educação tecnológica em Portugal"

Imagem: Telemoveis.com

 

Qual é o alcance do envolvimento da BQ com o sector da Educação em Espanha?

 

Queremos efectivamente ajudar. Não só professores em Espanha – mas em Portugal também queremos fazê-lo. Em Espanha já temos mais de 500 professores formados.

Temos centenas de professores formados, dezenas de escolas onde damos formação totalmente gratuita, apoiamos escolas com materiais que nos solicitam. Desenvolvemos uma série de acções focadas na educação.

 

Há planos para Portugal?

 

É um dos nossos objetivos para 2016, de levar a cabo alguns destes projetos. Estamos neste momento em conversações e contactos. Acreditamos que no primeiro trimestre de 2016 já consigamos estar a comunicar ao público em geral aquilo que serão as principais acções.

O mercado português é sempre um mercado privilegiado pela BQ e faz todo o sentido que seja um dos primeiros mercados onde se internacionalizem todas estas acções desenvolvidas em Espanha. Confirmo que é efectivamente um objectivo já a curto prazo.

 

[Mas] também é preciso haver uma série de circunstâncias e características do próprio mercado que assim o permitam.

 

A BQ também tem um projecto que é o Circo de Ideias. Como é que ele se enquadra nos vossos projectos educativos?

 

Não sei se podemos dizer que é uma iniciativa à parte. No fundo é um complemento do projecto educativo. Ou seja, nós temos e damos apoio a várias instituições de ensino. Agora, é verdade, existem locais onde é geograficamente mais difícil ter acesso à tecnologia. Queremos levar esta tecnologia o mais longe possível.

Este é um projeto que vai andar três meses aproximadamente, a circular por Espanha levando a tecnologia através de workshops, palestras e conferências para crianças e adultos.

 

No fundo [o objectivo] é desmistificar aquilo que para muitos a tecnologia ainda representa: coisas difíceis de entender. Para uma faixa etária mais avançada pode ser um pouco mais difícil, mas para as crianças temos a certeza que a tecnologia é, no fundo, a habituação desde pequenos a ver como é que as coisas se desenvolvem do lado de dentro.

 

BQ. Queremos ajudar na educação tecnológica em Portugal"

Imagem: Telemoveis.com

 

Em relação aos telemóveis da BQ: o Aquaris X5 contou com uma abordagem um pouco diferente das propostas anteriores. É justo dizer que houve uma mudança de filosofia?

 

A filosofia da BQ tem sido sempre a mesma: desenvolver os melhores projetos, os melhores produtos, com um preço justo e equilibrado de acordo com as suas características.

Sabemos que o mercado demonstra interesse por alguns materiais, neste caso os metalizados. Foi por aí que nós optámos – seguimos a  tendência. A marca é jovem, com sócios jovens, com uma equipa muito jovem. Estamos atentos a tendências e queremos acompanhar.

 

Os utilizadores e os clientes são os nossos chefes, são eles que nos dizem para onde nós temos de ir. E nós vamos de mãos dadas. Se o mercado quer ir nesse sentido e se nós acharmos que faz sentido, que temos capacidade e que sabemos fazê-lo, pois bem.

Não foram apenas mudanças estéticas nem apenas mudanças de material. Houve aqui desafios importantes – foi o caso da bateria do Aquaris X5, com apesar da óptima capacidade não deixou de ser o telemóvel mais fino que fizemos até hoje.

 

desafios ao nível do hardware e da engenharia que não são apenas tendências de mercado. A tendência é toda uma consequência. E o consumidor é muito exigente. O objetivo é conseguir desenvolver sempre produtos que cumpram e satisfaçam os requisitos dos nossos utilizadores.

Portanto, uma mudança de filosofia eu não diria – nós mantemo-nos fiéis ao que somos desde o início.

 

Na perspectiva da Sandra, quais são as principais diferenças entre consumidores portugueses e espanhóis?

 

Os mercados têm bastantes semelhanças, geografica e culturalmente. Mas existem efectivamente diferenças. O consumidor português é igualmente exigente, mas também é um early adopter.

Para as marcas tecnológicas internacionais o mercado português é sempre uma boa incubadora para perceber como é que são as manifestações e como é que esse produto vai ser aceite, ou não. Somos muito abertos tecnologicamente.

 

Gostamos de ter um produto com boas características (igualmente ao espanhol). Temos um consumidor atento a tudo o que faz, não só à nossa marca mas também à concorrência. É um consumidor que procura alternativas, informação.

Ao contrário dos espanhóis, as dúvidas que temos levamo-las até ao fim. Em termos de suporte técnico: as dúvidas, os pedidos de ajuda e os pedidos de apoios técnicos que recebemos de ambos os países são absolutamente diferentes.

 

Para um espanhol uma explicação breve é suficiente. O português é mais curioso – precisamos de perceber até ao final o porquê das coisas, não nos ficamos com uma primeira informação. Eu diria que sim: early adopters e curiosidade extrema é talvez aquilo que nos diferencia mais do consumidor espanhol.